Vitória
Narrando
Tudo que eu quis naquele momento era esquecer de todos os
meus problemas, talvez esse tenha sido o maior motivo para toda essa loucura.
Mas agora aqui estou eu, em um hospital, cheia de fios, sendo monitorada por
vários aparelhos 24 horas e tudo isso por uma parada cardiorrespiratória, só de
pensar que nesse momento eu poderia não estar mais estar aqui, um arrepio
percorre meu corpo, graças ao meu pai eu estou aqui, como sempre meu pai me
protegendo, um sorriso bobo brotou em meus lábios neste momento.
Essa
situação servia apenas para uma coisa, mostrar para mim mesma que isso foi a
maior loucura e que minha vida valia muito mais do que qualquer sofrimento, e
era isso que eu iria fazer, tentar passar por cima desses problemas ,viver
minha vida, viver e aproveitar da melhor forma essa nova chance de ser feliz
que Deus me deu.
Hoje
na hora do almoço recebi uma das melhores visitas, confesso era um tanto quanto
inusitado e fiquei totalmente surpresa. Quando Luan adentrou aquele quarto,
tudo pareceu ganhar cores, foi impossível conter o sorriso, ele me fazia bem,
muito bem. Ele havia se tornado um grande amigo, não que a nossa noite juntos
não havia significado nada, claro que significou, ele me transportou para outra
dimensão, foi intenso, me transbordou de emoção por dentro, a primeira vez que
me senti completa de verdade, talvez ele nem se lembre com tanta riqueza,
talvez aquela noite nem tenha significado tanto para ele, mas o importante é
que ele estava ali, ali para me ver.
Me
senti culpada, muito culpada quando ele disse que havia ficado muito preocupado
comigo e para piorar senti a mais profunda sinceridade na sua fala e
principalmente no seu olhar, e bastou isso para o meu coração se encher de
alegria. O carinho que ele estava tendo comigo era admirável e maravilhoso,
pela primeira vez naquele dia senti meu coração em paz. Me fez comer meu almoço
que estava ali no quarto a uma meia hora, e o seu biquinho me pedindo para
comer só um pouquinho foi muito fofo, deu vontade de morder.
Após
tomar aqueles benditos remédios meus olhos já não estavam mais parando aberto,
ele se ofereceu para cantar pra mim dormir, não neguei, adorava sua voz,
proferindo as mais belas palavras que compunham aquela música que se encaixava
perfeitamente a mim, adormeci em um sono profundo, não me lembrando nem mesmo
de escutar quando ele deixou o quarto.
(...)
Quando
acordei já era noite, só não sabia se tinha acabado de escurecer ou se já era
tarde. Percorri meus olhos pelo quarto e me deparando com meu irmão olhando
pela janela do quarto.
-
Vi? – O chamei firmando o olhar nele.
-
O boneca! Acordou? – Perguntou me olhando e eu assenti. – Está sentindo alguma
coisa?
-
Não. Só queria saber que horas são.
-
São 18:30 acabou de escurecer. – Sorriu.
-
Que bom! – Falei me agitando na cama e fazendo careta.
-
O que foi? – Perguntou meu irmão se aproximando mais de mim.
-
Nada, só é horrível dormir nessa cama. – Falei sem graça.
-
Imagino. – Em um impulso me assustando até, meu irmão se jogou em cima de mim
me abraçando, e logo senti suas lágrimas molhando meu pescoço, não consegui
segurar minhas lágrimas também. – Nunca mais faça isso, pelo amor de Deus! Eu
fiquei com muito medo de te perder. – Falou ainda com o rosto na curva do meu
pescoço.
-
Ei! – Falei segurando sua cabeça o forçando a me olhar. – Calma! Você não me
perdeu e não vou me perder. – Falei firme já controlando minhas lágrimas.
-
Eu te amo demais maninha. – Me abraçou de novo.
-
Vem cá!? E o papai? – Perguntei levantando novamente sua cabeça do meu ombro só
que agora o encarando com um sorriso no rosto.
-
Deve estar chegando por aí. – Sorriu. – Ele queria ter passado o dia aqui com
você, mas, uma reunião inadiável prendeu ele no escritório, eu ia ficar pra ele
lá, mas quem pegou a frente do assunto foi ele, aí eu vim aqui ficar com a
minha irmã gata que dormiu a tarde toda e me deixou olhando pro teto. –
Gargalhou e eu bati em seu braço.
-
Bobo, por mim eu estaria acordado a tarde toda batendo papo com você, mas esses
benditos remédios não deixaram ficar acordada. – Fiz um biquinho fofo e ele deu
risada.
-
Eu sei, tô brincando só! – Sorriu. – Mas falando em passar a tarde aqui, quem
veio te visitar na hora do almoço? Hein mocinha? – Perguntou se fazendo de
bravo.
-
Ai Vi! – Falei sem graça com sua pergunta e levei as mãos aos olhos
tampando-os.
-
Foi ele? – Perguntou e eu me assustei.
-
Ele quem? – Falei de imediato tirando as mãos do rosto.
-
O Luan. – Falou.
-
O que tem ele?
-
Foi ele que veio aqui na hora do almoço? – Perguntou novamente e ficamos nos
encarando por um bom tempo.
-
Foi. – Admiti sem graça, minha timidez às vezes me impedia de dialogar sobre
certos assuntos.
-
Ei não precisa ficar sem graça. – Falou fazendo carinho nas minhas bochechas. –
É meio chato pra mim admitir isso, mas eu acho que ele gosta de você. – Sorriu
sem graça.
-
Claro que não Vitor! Tá doido?
-
Não! Me fala maninha que cara como ele que pode ter tudo o que quer iria estar
se preocupando tanto com uma garota que dormiu uma noite com ele? Talvez você tenha
marcado ele de verdade. – Me encarou. – Foi bom pra você? Eu digo a visita dele
te fez bem?
-
Ele me faz bem Vitor! A presença dele me faz bem, a amizade dele me faz bem! Eu
me tornei amiga da irmã dele, me envolvi com ele logo na primeira noite que nós
saímos juntos! Claro já havíamos nos vistos naquele jantar na casa dele quando
você e o papai renovaram o contrato com o escritório deles, mas enfim, eu acho
que somos só amigos, eu acho. – Respirei fundo e olhei pela janela.
-
Você não está apaixonada por ele né maninha?
-
Não Vi, eu só o considero um grande amigo! Nossa noite foi boa? Foi, mas é só a
amizade que vai ficar. E outra nesse momento da minha vida eu prefiro não me
envolver com ninguém!
-
É melhor mesmo meu amor. Coloca sua cabeça em ordem primeiro. – Encerramos
aquele assunto e logo começamos a conversar coisas aleatórias e o horário de
visitas começaria em 1 hora.
Ricardo Narrando
Estava
terminando de me arrumar, precisava estar no hospital para visitar minha filha.
Desde o dia em que a Vitória foi internada eu converso com a Suzana só o
básico, ela insiste muito em ir ver a filha, mas eu não quero um encontro delas
agora. Também não estávamos dormindo no mesmo quarto, eu havia ido para o
quarto de hóspedes, estava mais perdido que tudo nessa história toda e com o
meu coração mais aflito que tudo.
Eu
terminava de arrumar a gola da camisa na frente do espelho quando ouço batidas
na porta, sabia que era Suzana por isso nem respondi, mas logo ela já se
encontrava dentro do quarto e a porta já estava fechada.
-
Suzana se é pra você ter mais uma das suas crises de loucura ou me pedir para
ir ver a Vitória no hospital, é melhor dar meia volta e nem começar. – Disse
mal olhando em seus olhos.
-
Eu não vim aqui pra isso! – Disse calma encarando o chão.
-
Então veio pra quê? – Perguntei agora a encarando de vez.
-
Eu quero só te deixar claro uma coisa, eu amo a minha filha e você não tem
direito nenhum de dizer o contrário...
-
Bela demonstração de amor você deu pra ela... – Sorri irônico.
-
Eu não terminei Ricardo! – Disse me encarando.
-
Então continua caramba! – Me exaltei de vez.
-
Nenhuma mulher Ricardo... – Falou apontando o dedo no rosto. – Nenhuma mulher,
suportaria passar por tudo que eu passei nas suas mãos a vinte e poucos anos
atrás. Se eu engoli tudo calada é porque eu te amava demais e amo a nossa
família, só que eu não aguento mais, cansei disso tudo! E é por isso que assim
que a Vitória sair daquele hospital e já estiver em condições de seguir a vida
dela normalmente, nós vamos conversar com ela, eu amo a minha filha e se você
não quiser estar comigo, converso eu
sozinha. – Disse por fim e saiu fechando a porta em seguida.
Sentei
na cama e respirei fundo passando a mão no rosto, eu sabia que essa hora
chegaria, mas como pai eu nunca estaria preparado. Olhei as horas no relógio e
resolvi seguir logo.
Cheguei
no hospital na hora certa, me identifiquei na recepção da ala de internação e
fui liberado para entrar. Quando abri a porta do seu quarto, me deparei com os
meus bens mais preciosos, meus filhos! Eles conversavam e sorriam, me emocionei
mas logo ganhei a atenção da minha menininha.
-
Pai! – Seu sorriso foi encantador, acabei de adentar o quarto fechando a porta
e indo em direção ao seu leito.
-
Como você está minha filha? – Perguntei beijando sua testa.
-
Estou melhor pai, mas ainda me senti fraca e indisposta.
-
Vai passar meu amor. – Sorri pra ela.
-
Quero ir embora pra casa pai. – Fez cara de choro.
-
Você vai meu bem logo, logo.
Ficamos
conversando durante todo o horário disponível para as visitas. Ficaria aquela
noite com ela para meu filho ir descansar. Pouco tempo depois, meu anjinho se
encontrava em um sono profundo, seu rosto era tão sereno, ela era tão linda e
tão frágil. Meu coração apertou lágrimas rolaram molhando minha face, aquela
seria uma longa noite.
Uma
semana depois (...)
Vitória
Narrando
Hoje
era sexta feira, já havia quase uma semana que eu estava nessa vida de
hospital, mas hoje graças a Deus eu teria alta e meu pai viria me buscar. Nesse
meio tempo, me atrevi a perguntar de minha mãe para ele, foi apenas uma vez, o
que o deixou um pouco desconsertado.
Não
sabia ao certo qual era a situação em casa. Meu irmão havia me confessado ter
passado mais tempo que o normal no escritório, para tentar fugir um pouco da
confusão da nossa casa. Mas ao que tudo indica meus pais não haviam discutido
mais, cada um tinha seu canto dentro de casa, quando não estavam no trabalho. Segundo
Vitor, minha mãe passou grande parte da semana se dedicando ao ateliê e que
eles estavam dormindo em quartos separados, papai dormia em um dos quartos de
hóspedes da casa.
Já
estava liberada de todos aqueles aparelhos e fios, menos dos remédios, ainda
tomaria um ou outro, mas bem menos do que a quantidade que havia bebido durante
o tempo que fiquei internada. Sobre o Luan, ele não voltou a me visitar, sua
rotina estava bem corrida, mas sua voz se fazia presente em meus sonhos, sim eu
sonhei muito com ele, com sua voz doce e serena. Trocávamos bastante mensagem,
em sua totalidade pelo whatsapp, ele sempre se mostrava preocupado comigo e
dizia estar morrendo de vontade de me ver novamente. Minhas meninas, Alice e
Bruna, vinham sempre ao hospital, fazíamos graças, brincamos muito e falamos
bastante besteiras, até dormir aqui comigo elas dormiram.
Meu
pai estava pra chegar, minhas bolsas já estavam arrumadas e eu me encontrava nesse
momento em frente ao espelho do banheiro prendendo os cabelos em um rabo de
cavalo, na minha visão eu ainda estava um pouco abatida, com olheiras
aparentes, o cabelo bem danificado e também mais magra que o normal, suspirei
fundo e fui em direção ao quarto, estava ao lado da cama fechando uma ultima
frecha de uma das bolsas quando escutei batidas na porta.
-
Entra! – Disse.
-
Bom Dia!
-
Paaii! – Fui em sua direção um tanto quanto empolgada e o abracei.
-
Pronta pra ir embora? – Perguntou sorrindo.
-
É... Acho que sim. – Respondi com certo desanimo e ele percebeu.
-
Vai ficar tudo bem. – Ele disse mais pra ele do que pra mim logo após me
abraçar forte.
-
É talvez fique. – Disse me soltando do abraço e o encarando. – Pai você rá
chorando. – O olhei espantada e ele enxugou rápido uma única lágrima que havia
caído.
-
Não, claro que não. – Disse rápido indo em direção as minhas bolças.
-
Pai... – Insisti um pouco mais.
-
Não é nada minha princesinha. – Sorriu. – Vamos? Tem mais alguma coisa pra
pegar?
-
Vamos! – Concordei. – É só isso mesmo.
Ele
juntou minhas coisas e saímos corredor a fora, no estacionamento entramos no
carro e tomamos o caminho de casa. Caminho esse que era inserto pra mim,
realmente eu não sabia o que encontraria, não sabia se já havia conseguido
perdoar minha mãe, ou se estava preparada para encontrar a mesma. Quando dei
por mim já estava na frente de casa, desci observando tudo enquanto meu pai
pega as coisas no banco de trás do carro, passei os olhos pela garagem e meu
carro continuava lá sorri sutilmente e encarei a porta de entrada onde meu pai
já me esperava, suspirei e segui a passos lentos.
Ao
pisar naquela sala parecia que não entrava ali fazia uma eternidade, algumas
cenas passaram pela minha cabeça, inclusive a ultima que vivi ali, meus olhos
arderam. Mal tive tempo de me livrar desse sentimento, alguém já me abraçava
fortemente e chorava.
-
Filha! – Dizia minha mãe com a voz embargada.
NOTAS:
OIE AMORES VOLTEI, ESSE PRIMEIRO CAPÍTULO DE 2016 DEMOROU A SAIR, MAS AQUI ESTÁ ELE PRONTINHO PRA VCS, ESPERO QUE GOSTEM!
E AÍ? SERÁ QUE A VITÓRIA ESTÁ APAIXONADA? COMO ELA VAI REAGIR AO ENCONTRO COM A MÃE?
UMA NOTÍCIA... ACHO QUE TEM SEGREDO CHEGANDO POR AÍ HAHAHAHA EM BREVE, AGUARDEM.
COMENTEM E INDIQUEM BEIJOS!