23 de janeiro de 2016

CAPÍTULO 21 - E agora!?


Vitória Narrando

            Tudo que eu quis naquele momento era esquecer de todos os meus problemas, talvez esse tenha sido o maior motivo para toda essa loucura. Mas agora aqui estou eu, em um hospital, cheia de fios, sendo monitorada por vários aparelhos 24 horas e tudo isso por uma parada cardiorrespiratória, só de pensar que nesse momento eu poderia não estar mais estar aqui, um arrepio percorre meu corpo, graças ao meu pai eu estou aqui, como sempre meu pai me protegendo, um sorriso bobo brotou em meus lábios neste momento. 
          
         Essa situação servia apenas para uma coisa, mostrar para mim mesma que isso foi a maior loucura e que minha vida valia muito mais do que qualquer sofrimento, e era isso que eu iria fazer, tentar passar por cima desses problemas ,viver minha vida, viver e aproveitar da melhor forma essa nova chance de ser feliz que Deus me deu.

Hoje na hora do almoço recebi uma das melhores visitas, confesso era um tanto quanto inusitado e fiquei totalmente surpresa. Quando Luan adentrou aquele quarto, tudo pareceu ganhar cores, foi impossível conter o sorriso, ele me fazia bem, muito bem. Ele havia se tornado um grande amigo, não que a nossa noite juntos não havia significado nada, claro que significou, ele me transportou para outra dimensão, foi intenso, me transbordou de emoção por dentro, a primeira vez que me senti completa de verdade, talvez ele nem se lembre com tanta riqueza, talvez aquela noite nem tenha significado tanto para ele, mas o importante é que ele estava ali, ali para me ver.

Me senti culpada, muito culpada quando ele disse que havia ficado muito preocupado comigo e para piorar senti a mais profunda sinceridade na sua fala e principalmente no seu olhar, e bastou isso para o meu coração se encher de alegria. O carinho que ele estava tendo comigo era admirável e maravilhoso, pela primeira vez naquele dia senti meu coração em paz. Me fez comer meu almoço que estava ali no quarto a uma meia hora, e o seu biquinho me pedindo para comer só um pouquinho foi muito fofo, deu vontade de morder.

Após tomar aqueles benditos remédios meus olhos já não estavam mais parando aberto, ele se ofereceu para cantar pra mim dormir, não neguei, adorava sua voz, proferindo as mais belas palavras que compunham aquela música que se encaixava perfeitamente a mim, adormeci em um sono profundo, não me lembrando nem mesmo de escutar quando ele deixou o quarto.



(...)



Quando acordei já era noite, só não sabia se tinha acabado de escurecer ou se já era tarde. Percorri meus olhos pelo quarto e me deparando com meu irmão olhando pela janela do quarto.

- Vi? – O chamei firmando o olhar nele.
- O boneca! Acordou? – Perguntou me olhando e eu assenti. – Está sentindo alguma coisa?
- Não. Só queria saber que horas são.
- São 18:30 acabou de escurecer. – Sorriu.
- Que bom! – Falei me agitando na cama e fazendo careta.
- O que foi? – Perguntou meu irmão se aproximando mais de mim.
- Nada, só é horrível dormir nessa cama. – Falei sem graça.
- Imagino. – Em um impulso me assustando até, meu irmão se jogou em cima de mim me abraçando, e logo senti suas lágrimas molhando meu pescoço, não consegui segurar minhas lágrimas também. – Nunca mais faça isso, pelo amor de Deus! Eu fiquei com muito medo de te perder. – Falou ainda com o rosto na curva do meu pescoço.
- Ei! – Falei segurando sua cabeça o forçando a me olhar. – Calma! Você não me perdeu e não vou me perder. – Falei firme já controlando minhas lágrimas.
- Eu te amo demais maninha. – Me abraçou de novo.
- Vem cá!? E o papai? – Perguntei levantando novamente sua cabeça do meu ombro só que agora o encarando com um sorriso no rosto.
- Deve estar chegando por aí. – Sorriu. – Ele queria ter passado o dia aqui com você, mas, uma reunião inadiável prendeu ele no escritório, eu ia ficar pra ele lá, mas quem pegou a frente do assunto foi ele, aí eu vim aqui ficar com a minha irmã gata que dormiu a tarde toda e me deixou olhando pro teto. – Gargalhou e eu bati em seu braço.
- Bobo, por mim eu estaria acordado a tarde toda batendo papo com você, mas esses benditos remédios não deixaram ficar acordada. – Fiz um biquinho fofo e ele deu risada.
- Eu sei, tô brincando só! – Sorriu. – Mas falando em passar a tarde aqui, quem veio te visitar na hora do almoço? Hein mocinha? – Perguntou se fazendo de bravo.
- Ai Vi! – Falei sem graça com sua pergunta e levei as mãos aos olhos tampando-os.
- Foi ele? – Perguntou e eu me assustei.
- Ele quem? – Falei de imediato tirando as mãos do rosto.
- O Luan. – Falou.
- O que tem ele?
- Foi ele que veio aqui na hora do almoço? – Perguntou novamente e ficamos nos encarando por um bom tempo.
- Foi. – Admiti sem graça, minha timidez às vezes me impedia de dialogar sobre certos assuntos.
- Ei não precisa ficar sem graça. – Falou fazendo carinho nas minhas bochechas. – É meio chato pra mim admitir isso, mas eu acho que ele gosta de você. – Sorriu sem graça.
- Claro que não Vitor! Tá doido?
- Não! Me fala maninha que cara como ele que pode ter tudo o que quer iria estar se preocupando tanto com uma garota que dormiu uma noite com ele? Talvez você tenha marcado ele de verdade. – Me encarou. – Foi bom pra você? Eu digo a visita dele te fez bem?
- Ele me faz bem Vitor! A presença dele me faz bem, a amizade dele me faz bem! Eu me tornei amiga da irmã dele, me envolvi com ele logo na primeira noite que nós saímos juntos! Claro já havíamos nos vistos naquele jantar na casa dele quando você e o papai renovaram o contrato com o escritório deles, mas enfim, eu acho que somos só amigos, eu acho. – Respirei fundo e olhei pela janela.
- Você não está apaixonada por ele né maninha?
- Não Vi, eu só o considero um grande amigo! Nossa noite foi boa? Foi, mas é só a amizade que vai ficar. E outra nesse momento da minha vida eu prefiro não me envolver com ninguém! 
- É melhor mesmo meu amor. Coloca sua cabeça em ordem primeiro. – Encerramos aquele assunto e logo começamos a conversar coisas aleatórias e o horário de visitas começaria em 1 hora.



 Ricardo Narrando


Estava terminando de me arrumar, precisava estar no hospital para visitar minha filha. Desde o dia em que a Vitória foi internada eu converso com a Suzana só o básico, ela insiste muito em ir ver a filha, mas eu não quero um encontro delas agora. Também não estávamos dormindo no mesmo quarto, eu havia ido para o quarto de hóspedes, estava mais perdido que tudo nessa história toda e com o meu coração mais aflito que tudo.

Eu terminava de arrumar a gola da camisa na frente do espelho quando ouço batidas na porta, sabia que era Suzana por isso nem respondi, mas logo ela já se encontrava dentro do quarto e a porta já estava fechada.

- Suzana se é pra você ter mais uma das suas crises de loucura ou me pedir para ir ver a Vitória no hospital, é melhor dar meia volta e nem começar. – Disse mal olhando em seus olhos.
- Eu não vim aqui pra isso! – Disse calma encarando o chão.
- Então veio pra quê? – Perguntei agora a encarando de vez.
- Eu quero só te deixar claro uma coisa, eu amo a minha filha e você não tem direito nenhum de dizer o contrário...
- Bela demonstração de amor você deu pra ela... – Sorri irônico.
- Eu não terminei Ricardo! – Disse me encarando.
- Então continua caramba! – Me exaltei de vez.
- Nenhuma mulher Ricardo... – Falou apontando o dedo no rosto. – Nenhuma mulher, suportaria passar por tudo que eu passei nas suas mãos a vinte e poucos anos atrás. Se eu engoli tudo calada é porque eu te amava demais e amo a nossa família, só que eu não aguento mais, cansei disso tudo! E é por isso que assim que a Vitória sair daquele hospital e já estiver em condições de seguir a vida dela normalmente, nós vamos conversar com ela, eu amo a minha filha e se você não quiser estar comigo,  converso eu sozinha. – Disse por fim e saiu fechando a porta em seguida.

Sentei na cama e respirei fundo passando a mão no rosto, eu sabia que essa hora chegaria, mas como pai eu nunca estaria preparado. Olhei as horas no relógio e resolvi seguir logo.

Cheguei no hospital na hora certa, me identifiquei na recepção da ala de internação e fui liberado para entrar. Quando abri a porta do seu quarto, me deparei com os meus bens mais preciosos, meus filhos! Eles conversavam e sorriam, me emocionei mas logo ganhei a atenção da minha menininha.

- Pai! – Seu sorriso foi encantador, acabei de adentar o quarto fechando a porta e indo em direção ao seu leito.
- Como você está minha filha? – Perguntei beijando sua testa.
- Estou melhor pai, mas ainda me senti fraca e indisposta.
- Vai passar meu amor. – Sorri pra ela.
- Quero ir embora pra casa pai. – Fez cara de choro.
- Você vai meu bem logo, logo.

Ficamos conversando durante todo o horário disponível para as visitas. Ficaria aquela noite com ela para meu filho ir descansar. Pouco tempo depois, meu anjinho se encontrava em um sono profundo, seu rosto era tão sereno, ela era tão linda e tão frágil. Meu coração apertou lágrimas rolaram molhando minha face, aquela seria uma longa noite.



Uma semana depois (...)

Vitória Narrando


Hoje era sexta feira, já havia quase uma semana que eu estava nessa vida de hospital, mas hoje graças a Deus eu teria alta e meu pai viria me buscar. Nesse meio tempo, me atrevi a perguntar de minha mãe para ele, foi apenas uma vez, o que o deixou um pouco desconsertado.

Não sabia ao certo qual era a situação em casa. Meu irmão havia me confessado ter passado mais tempo que o normal no escritório, para tentar fugir um pouco da confusão da nossa casa. Mas ao que tudo indica meus pais não haviam discutido mais, cada um tinha seu canto dentro de casa, quando não estavam no trabalho. Segundo Vitor, minha mãe passou grande parte da semana se dedicando ao ateliê e que eles estavam dormindo em quartos separados, papai dormia em um dos quartos de hóspedes da casa.

Já estava liberada de todos aqueles aparelhos e fios, menos dos remédios, ainda tomaria um ou outro, mas bem menos do que a quantidade que havia bebido durante o tempo que fiquei internada. Sobre o Luan, ele não voltou a me visitar, sua rotina estava bem corrida, mas sua voz se fazia presente em meus sonhos, sim eu sonhei muito com ele, com sua voz doce e serena. Trocávamos bastante mensagem, em sua totalidade pelo whatsapp, ele sempre se mostrava preocupado comigo e dizia estar morrendo de vontade de me ver novamente. Minhas meninas, Alice e Bruna, vinham sempre ao hospital, fazíamos graças, brincamos muito e falamos bastante besteiras, até dormir aqui comigo elas dormiram.

Meu pai estava pra chegar, minhas bolsas já estavam arrumadas e eu me encontrava nesse momento em frente ao espelho do banheiro prendendo os cabelos em um rabo de cavalo, na minha visão eu ainda estava um pouco abatida, com olheiras aparentes, o cabelo bem danificado e também mais magra que o normal, suspirei fundo e fui em direção ao quarto, estava ao lado da cama fechando uma ultima frecha de uma das bolsas quando escutei batidas na porta.

- Entra! – Disse.
- Bom Dia!
- Paaii! – Fui em sua direção um tanto quanto empolgada e o abracei.
- Pronta pra ir embora? – Perguntou sorrindo.
- É... Acho que sim. – Respondi com certo desanimo e ele percebeu.
- Vai ficar tudo bem. – Ele disse mais pra ele do que pra mim logo após me abraçar forte.
- É talvez fique. – Disse me soltando do abraço e o encarando. – Pai você rá chorando. – O olhei espantada e ele enxugou rápido uma única lágrima que havia caído.
- Não, claro que não. – Disse rápido indo em direção as minhas bolças.
- Pai... – Insisti um pouco mais.
- Não é nada minha princesinha. – Sorriu. – Vamos? Tem mais alguma coisa pra pegar?
- Vamos! – Concordei. – É só isso mesmo.

Ele juntou minhas coisas e saímos corredor a fora, no estacionamento entramos no carro e tomamos o caminho de casa. Caminho esse que era inserto pra mim, realmente eu não sabia o que encontraria, não sabia se já havia conseguido perdoar minha mãe, ou se estava preparada para encontrar a mesma. Quando dei por mim já estava na frente de casa, desci observando tudo enquanto meu pai pega as coisas no banco de trás do carro, passei os olhos pela garagem e meu carro continuava lá sorri sutilmente e encarei a porta de entrada onde meu pai já me esperava, suspirei e segui a passos lentos.

Ao pisar naquela sala parecia que não entrava ali fazia uma eternidade, algumas cenas passaram pela minha cabeça, inclusive a ultima que vivi ali, meus olhos arderam. Mal tive tempo de me livrar desse sentimento, alguém já me abraçava fortemente e chorava.


- Filha! – Dizia minha mãe com a voz embargada. 








NOTAS: 

OIE AMORES VOLTEI, ESSE PRIMEIRO CAPÍTULO DE 2016 DEMOROU A SAIR, MAS AQUI ESTÁ ELE PRONTINHO PRA VCS, ESPERO QUE GOSTEM!
E AÍ? SERÁ QUE A VITÓRIA ESTÁ APAIXONADA? COMO ELA VAI REAGIR AO ENCONTRO COM A MÃE?

UMA NOTÍCIA... ACHO QUE TEM SEGREDO CHEGANDO POR AÍ HAHAHAHA EM BREVE, AGUARDEM.

COMENTEM E INDIQUEM BEIJOS!